Para esta reflexão, escolhi falar sobre a Realidade Virtual, também conhecida pela sigla VR (Virtual Reality). Durante uma leitura do livro “Design para um Mundo Complexo”, Rafael Cardoso, o autor, instiga os leitores a pensarem o quão difícil seria explicar o nosso mundo e nossas tecnologias para alguém do passado. Não é tão fora do nosso contexto, tentar ensinar nossos avós a mexer no celular é um exemplo muito próximo. Até mesmo nós, quando nos sentimos perdidos em alguma inovação no mercado (Minha relação atual com os NFT’s). A pergunta que quero chegar seria: Como explicar que hoje podemos estar vivenciando uma experiência totalmente imersos em outros mundos? Sim, os livros podem nos fazer viajar entre muitos universos, porém, a Realidade Virtual trouxe uma imersão ainda maior na tecnologia. Ela pode ser aplicada em várias áreas, desde entretenimento até na medicina. Então, acredito que a melhor maneira para apresentar o VR é trazendo alguns exemplos de seus projetos.
➤ VIRUP – Projeto do Universo em Realidade Virtual
Na Suíça, pesquisadores estão desenvolvendo uma realidade virtual do universo. O projeto permite que os usuários viajem e explorem através de grande parte do espaço sideral que conhecemos, como o nosso Sistema Solar e Grupo Local (54 galáxias, incluindo a Via Láctea). O objetivo principal, de acordo com os pesquisadores, "ajuda a entender a hierarquia organizacional do nosso Universo e das diferentes escalas, assim como desenvolver intuições para processos astrofísicos". Mas acredito que, após um pouco mais de desenvolvimento e aprimoramento, o software poderia ser usado também como forma de ensino em escolas e até entretenimento. Sua capacidade de simulação é muito alta, com um realismo impressionante.
➤ VIVE Flow – Mindfulness with immersive VR glasses
A High-Tech Computer Corporation (HTC) é uma multinacional muito influente nas inovações tecnológicas, tendo seu foco principal no mercado mobile. Recentemente, a empresa anunciou uma versão de óculos de realidade virtual que poderia ser usado nos próprios smarthphones. O projeto se chama VIVE Flow, suas funcionalidades variam, mas a ideia central é o Mindfulness. O Mindfulness, em sua tradução para o Português – BR, é a Atenção Plena. É o estar conectado consigo mesmo em total atenção, com técnicas de meditação. Além disso, o projeto desenvolveu um espaço para se relacionar com as pessoas, como uma rede social imersiva. O conceito de estar em atenção plena também se aplica nessa área, visto que muitas distrações externas poderiam ser evitadas. Os óculos são conectados a um aplicativo no celular dos usuários.
➤ E-fob: tratamento de fobias
Pesquisadores da faculdade da PUC – Minas, desenvolveram, em conjunto com os cursos de Psicologia e Ciência da Computação, uma realidade virtual para o tratamento de acrofobia (medo de altura), eles chamaram de E-fob. Os ambientes projetados para a experiência são lugares reais do campus da universidade, lugares no qual os grupos de participantes foram expostos anteriormente. Antes dos testes com os VR’s, as pessoas foram a esses lugares selecionados e tiveram avaliações médicas e comportamentais. Assim, perceberam que quanto maior a fidelidade com o real melhor seriam os resultados. O objetivo principal é justamente poder fazer tratamentos com esses indivíduos com acrofobia sem ter a necessidade de estarem presentes no local, para que de pouco em pouco o quadro seja amenizado.
➤ Round 6: jogo Batatinha Frita 1,2 e 3.
Recentemente, a Netflix laçou a série Round 6 (ou originalmente, Squid Game) e ela já ganhou muita repercussão no mundo inteiro. Resumindo o roteiro, pessoas com dívidas exorbitantes são convocadas a participar de um jogo, no qual o prêmio seria em dinheiro. Existe uma série de mini games que os jogadores devem realizar, porém, aqueles que falharem são eliminados. Uma das cenas mais icônicas dessa produção é do jogo “Batatinha Frita 1,2,3”, muitos conhecem como “Jogo da Estátua”. Basicamente, os participantes devem chegar a linha de chegada durante o tempo de 5 minutos. No entanto, só podem se mexer quando a boneca não estiver olhando. Em qualquer sinal de movimento, a pessoa é eliminada. Por causa de todo esse sucesso, um fã desenvolveu essa cena para uma experiência no VR. O jogo reconhece os seus movimentos e te elimina caso os faça na hora errada. Por enquanto, o projeto é apenas para uso individual, mas seria muito interessante uma plataforma multiplayer.
Link para baixar o jogo inspirado em Round 6: https://soaringroc.itch.io/red-light-green-light
Com esses 4 projetos que apresentei é possível perceber as várias áreas de aplicação que a Realidade Virtual pode ter, como um jogo ou tratamento de fobia. Durante minha exploração sobre esse tema, encontrei um conceito aparentemente novo no mercado, mas que é uma promessa de grande crescimento: O Metaverso. O Metaverso poderia ser definido como um universo paralelo ao nosso, um universo inteiramente digital e imersivo. Um lugar onde poderíamos transitar como na vida real, com aspectos de redes sociais, realidade aumentada e jogos. O Metaverso teria sua própria economia, baseada em criptomoedas. Empresas como a Nvidia, Epic Games, Microsoft e Facebook estão investindo cada vez mais dinheiro nessa tecnologia, para cada vez mais tentar torna-la real. Pensar nessa possibilidade é impressionante, não consigo nem imaginar os benefícios que poderíamos ter, ou até mesmo os malefícios. Quando li as notícias, a primeira coisa que me veio na mente foi o filme “Jogador N°1”. Segue a sinopse escrita por Enest Cline:
“O ano é 2044 e a Terra não é mais a mesma. Fome, guerras e desemprego empurraram a humanidade para um estado de apatia nunca antes visto. Wade Watts é mais um dos que escapa da desanimadora realidade passando horas e horas conectado ao OASIS – uma utopia virtual global que permite aos usuários ser o que quiserem; um lugar onde se pode viver e se apaixonar em qualquer um dos mundos inspirados nos filmes, videogames e cultura pop dos anos 1980. Mas a possibilidade de existir em outra realidade não é o único atrativo do OASIS; o falecido James Halliday, bilionário e criador do jogo, escondeu em algum lugar desse imenso playground uma série de Easter Eggs, e premiará com sua enorme fortuna – e poder – aquele que conseguir desvendá-los. E Wade acabou de encontrar o primeiro deles.”
Uma Realidade Virtual tão complexa que nos permite viver lá dentro, sendo quem nós somos ou pessoas totalmente diferentes se for o que desejar. Como uma segunda vida. O que me lembra outro exemplo: o jogo "Second Life". Ele foi lançado a alguns anos e vem se aprimorando a cada atualização, a premissa do game é que você possa ter uma segunda vida. Tudo isso me leva a pensar que talvez estejamos mais perto desse Metaverso do imaginamos e nos possíveis problemas que tamanha imersão pode acarretar.
Contudo, de uma maneira geral, VR veio para trazer um novo patamar nos níveis da tecnologia. O Metaverso ainda está no início do seu desenvolvimento, portanto, é difícil avaliar os seus pontos positivos e negativos de agora. O jeito é esperar o que nos aguarda no futuro, ou melhor, nesse outro mundo.
REFERÊNCIAS
Kommentit